segunda-feira, 6 de maio de 2013





Ah, meu brother, se você soubesse que perdemos... Que o mundo hoje é uma batalha entre alienados, vendidos & “vencedores” contra alguns poucos que ainda insistem em acreditar. Que o mundo embruteceu e emburreceu, e até a música é idiota, desprovida de alma. Que nossa geração foi manipulada pelo medo, se deixou levar pelo consumismo e pela vaidade, para repetir os mesmos erros daqueles que os antecederam... Que ainda lutamos pelo mesmo que você lutava há 30 anos atrás, ainda reivindicamos o básico.

Ahh, mas, sua música ainda ecoa! E não apenas os heróis dos livros de história vivem pra inspirar o futuro. Que viva também a arte, a poesia, a música!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Crianças

Na semana passada a Mayrinha ocasionalmente assistia a um trecho de Sherk. Precisamente aquele em que ele janta com a família da Fiona, e começam a discutir. Em um dado momento aparece um porquinho sobre a mesa e um deles corta o porquinho. A Mayra ficou impressionada. Comentou comigo e com a mamãe: “O Selec cortou o porquinho. Éco, éco, ele comeu o porquinho! Selec feio! Não pode! Humpf... O porquinho é amigo!

Depois, durante o trajeto para a escola, ela viu um doguinho, abandonado na chuva. Mais uma vez ela demonstrou sua solidariedade e sua preocupação com outras formas de vida. Ela perguntou porque o doguinho estava triste. Mamãe explicou, e ela ficou visivelmente chateada. Nossa pequena tem apenas 2 anos e 4 meses.

Ensinamos desde cedo a Mayrinha a respeitar todas as formas de vida, mas nunca comentamos nada com a Mayra sobre alimentação vegetariana. Por enquanto ela é vegetariana, e será até o dia que ela quiser ser. Não vamos impor nada. Mas o interessante nisto é seu comportamento. Um comportamento que eu acho que é natural na maioria das crianças. A maioria delas nasce com esta empatia por todos os “bichinhos”, por todos os nossos semelhantes. Quase toda criança do mundo carrega dentro de si a vontade em de viver em harmonia e paz, num mundo sem “malvados”, sem coisa “feias . Os anos passam, e a soberania da crueldade se impõe. A indiferença dos pais completa o ciclo que irá destruir a ternura e transformar o que fomos em um sonho tolo e pueril.

Este videozinho me lembra da criança que eu fui. Me lembra o gurizinho que queira mudar o mundo. Não fui “absorvido”. Mas sou apenas um cisco de areia perdido em um mundo de tolas vaidades, frias ambições, brutalidade e crueldade. Mas voltando ao que eu era, este vídeozinho também de me devolve a esperança. Pois cada criança que nasce neste mundo é uma nova oportunidade. É uma nova chance que temos de fazer com que o mundo finalmente “dê certo”.



sexta-feira, 5 de outubro de 2012

E a novidade que seria um sonho ...

Acreditem, essa fica ainda melhor com os Kakis batucando em suas pranchas, cantando desafinados , enfileirados no outside enquanto aguardam a próxima série!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Os Livros e o guaia - E o incrível marcador de livros surfista!


Na minha infância os livros eram companheiros que me ajudavam a escapar de um mundo áspero, sem as cores comuns ao mundo de uma criança. Enquanto me distanciava da realidade que queria me embrutecer e alienar, eu viajava em mundos, conhecia personalidades incríveis e me preparava para o futuro! Sem a companhia dos livros, da leitura enfim, tenho certeza que sobreviver nesta selva de ignorância, ganância e vaidades seria um processo doloroso. As aventuras literárias me adaptaram, me prepararam para que eu mesmo pudesse um dia enfim viver minhas grandes aventuras!

Eu sei bem do que o videozinho abaixo fala. Um livro é a melhor fuga da realidade caótica que nos cerca. Um livro amplia nossos horizontes, estimula nossa inteligência e criatividade. E após a leitura de um bom livro você certamente não será o mesmo. Sua mente estará mais preparada para entender o que acontece à sua volta. O contato com a literatura tem um papel fundamental no processo de entendimento e compreensão das pessoas e fatos que nos cercam. Livros são a alma do mundo, são um compêndio universal de todas as nossa histórias. Quem buscar abrigo em bons livros um dia irá depara-se também com sua própria história e irá encontrar por si só boa parte dos grandes porquês.

E esse videozinho não está aqui só porque este aventureiro marcador de papel curte uma ondinhas. É minha emprestada homenagem a todos os livros que conheci e me fizeram companhia.

" Para entreter curiosidades, o velho Alfredo oferecia livros ao menino e convencia-o de que ler seria fundamental para a saúde. Ensinava-lhe que era uma pena a falta de leitura não se converter numa doença, algo como um mal que pusesse os preguiçosos a morrer. Imaginava que um não leitor ia ao médico e o médico o observava e dizia: o colesterol irá matá-lo, se continuar assim não se salva! E o médico perguntava: tem abusado das frituras, dos ovos, você tem lido o suficiente? O paciente respondia: não, senhor doutor, há quase um ano que não leio um livro, não gosto muito e e tenho preguiça. Então, o médido acrescentava: ah, fique pois sabendo que você ou lê urgentemente um bom romance, ou então vemo-nos no seu funeral dentro de poucas semanas! O caixão fechava-se como um livro.” – O filho de mil homens – Valter Hugo.


Much Better Now from Salon Alpin on Vimeo.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Baleias e Golfinhos Brincam Juntos!


Não são raros os momentos de interação entre espécies, mas na maioria das vezes elas acontecem com o intuito de cooperação e defesa de suas necessidades de sobrevivência. Porém os encontros recentes entre as baleias Jubarte e Golfinhos revelam um lado inédito desta interação e convivência. Em dois locais diferentes no Havaí, cientistas observaram golfinhos claramente divertindo-se, brincando com as baleias: as baleias levantavam os golfinhos acima e para fora da água, e então os golfinhos deslizavam de volta para baixo, com em um tobogã. As duas espécies parecem cooperar na atividade, não apresentado nenhum sinal de agressão ou sofrimento. Baleias e golfinhos em águas havaianas, muitas vezes interagem, mas a atividade social divertida como este é extremamente rara.


Na luta pela sobrevivência é comum encontrar diversas formas de cooperação no mundo animal. Porém neste caso, o comportamento das baleias e golfinhos demonstra claramente que eles não parecem estar competindo com outros, eles não parecem lutar, nem estavam cooperando em uma atividade essencial à sua sobrevivência como a captura de alimentos. As Baleias e o Golfinhos apenas estão se divertindo ,  demonstrando um comportamento que vai além do simples comer / dormir / defender necessidades / raça.  As “brincadeiras” podem ser encaradas como aprendizagem, um modo lúdico de se preparar para a luta pela sobrevivência.  Porém neste caso está claro que a idéia das simpáticas criaturinhas é mesmo diversão e a formação de laços sociais. Como quando nos divertimos na praia com nossos amigos.


Quem surfa e já teve o prazer de encontrar Golfinhos no mar sabe que estas incríveis criaturas parecem estar sempre de bem com a vida. Recentemente, no início do ano em Mariscal, pudemos observar vários Golfinhos “surfando”, indo e voltando à linha de arrebentação para se divertir no impulso das ondas. Outros saltavam fora d’agua, indicando claramente que aquele tipo de atitude era mesmo pura diversão, não tinha nada a ver com os rituais diários da luta pela sobrevivência.


Tudo isto só demonstra o quanto somos ignorantes em julgar as outras espécies  “Cada criatura é um ser sensível, vivente, que vale por si próprio e não pelo que pode nos dar em troca ou pelo uso que possamos dar a esse ser.”  Cada criatura é única, cada criatura tem sua história, suas motivações, seus planos.. Nossos valores deteriorados, nossa moral, nossa fé calcada em um idéia antropocentrista falida, são sempre colocadas acima de outras formas de vida, visto que a consciência , a “inteligência” e a solidariedade são tidas como características intrinsicamente humanas. Um dia determinou-se que não bastava a uma criatura existir de forma senciente. Crenças, ganância, indiferença e ignorância determinaram que a nossa “sapiência” era justificativa para o extermínio, a exploração e a barbárie contra outras formas de vida.  A partir de então demos início a este vergonhoso ciclo que certamente nos levará a um mundo monótono, bruto, habitado apenas por humanos e criaturas enjauladas, onde a coexistência entre humanos e criaturas tão graciosas terá sido apenas mais um dos frustrados planos do Universo...




segunda-feira, 19 de setembro de 2011

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A Onda - Em busca das gigantes do Oceano

A jornalista e escritora Susan Casey ( www.susancasey.com ) tem uma relação intensa com o oceano. No seu primeiro livro ela apresentou um relato atordoante sobre os dentuços tubarões brancos. No impressionante “A onda” livro indispensável para surfistas e amantes do mar, ela conviveu com cientistas, marinheiros e surfistas, para tentar decifrar em uma narrativa eletrizante e envolvente, o que acontece quando o mar se agita em seu desordenado balé.

Foram longas e investigativas conversas com cientistas "malucos" que aplicam a teoria do caos e mecânica quântica para entender a dinâmica das ondas. Em sua convivência com surfistas habituados a encarar um outside perdido nas brumas em busca de ondas de 30 pés, Suzan descobriu, como a fluidez das paredes liquidas criaram um esporte que é quase uma religião. Em visita ao Lloyd's London, a companhia que segura quase a totalidade da frota mercante mundial, Suzan descifrou estatísticas e compilou fatos para compor um relato que traz um pouco mais compreensão sobres estas gigantescas manifestações da natureza que parecem ter vida própria. E o “parecem ter vida própria” não é exagero, conforme fica bem claro em um dos mais intrigantes capítulos do livro, onde Suzan conta o que viu e ouviu em um congresso de oceanólogos, matemáticos e físicos dispostos a traçar uma teoria geral sobre o movimento das cracas gigantes pelos oceanos.

Das mudanças climáticas, que fazem com que monstros de 30 metros sejam uma realidade frequente e assustadora a cortar os oceanos, até fenômenos naturais , como a “onda” de 600 metros (yeah ,meus Brothers, 600 metros!) que varreu a baia de Lituya no Alaska, nada escapa de uma análise profunda em busca do entendimento desta que é a mais colossal das forças da natureza.

E em meio a esta intensa narrativa, Suzan, uma jornalista realmente apaixonada pelo mar ( e me parece, por Laird Hamilton, também...), tenta também trazer aos leitores uma explicação sobre um mistério tão inexorável quanto a fluída dinâmica dos oceanos: o fascínio dos surfistas pelo mar e sua busca por ondas gigantes, o que torna o livro indispensável pra todas as tribos que fazem do mar sua segunda casa. Convivendo durante meses com o maior big Ryder da história, o soul surfer Laird Hamilton, Suzan mostrou que acordar as 5 da manhã para ir surfar num dia chuvoso de inverno, como eu e meus Brothers fazemos frequentemente, nem é tanta loucura assim...

Navio sendo esmurrado por ondas na costa da Africa do Sul. " É necessária uma força de trinta toneladas por metro quadrado para danificar um navio. Uma onda de trinta metros quebrando concentra cem toneladas por metro quadrado e consegue partir um navio pela metade"

sábado, 23 de julho de 2011

Amy, Mariscal, Surf...

Caraca, hoje tem uma alucinante Jam session no céu dos malucos! Janes Joplin, Kurt Cobain, Morrison, Hendrix, Tim Maia!, Robert Johnson; Fred Mercury, e a nova integrante da troupe, Amy... Acho que por enquanto minha vida por aqui é legal demais pra eu ousar dizer que gostaria de estar lá, mas uma espiadinha de segundos, wow, certamente valeria por horas daquilo que é feito por aqui em nome da música atualmente.

Amy sempre foi companhia constante na viagens e nas “viagens” dos Kakis, um talento que não cansávamos de admirar, de curtir. Porém no fim de ano em meio às conversas que atravessam as noites de Mariscal, comentei com os brothers que infelizmente 2011 seria o ano em que seríamos privados do talento dela. Ela não conseguiria se livrar do destino reservado à maioria dos espíritos criativos que ousam contestar a ditadura dos “genes egoístas” que nos transformam em meras “máquina de sobrevivência”. Para escapar disso é preciso uma certa dose de genialidade, uma alma de artista, um espírito de surfista (ow sim, pergunte para um surfista de alma, qual o sentido biológico de surfar. Ele não encontrará uma resposta tão fácil quanto ao ser perguntado sobre o sentido existencial de surfar) ... No entanto a benção maldita da genialidade cobra por vezes um preço cruel e como disse Tia Rita Lee no Twitter , “Vida de artista é clichê. Ou morre de overdose, ou entra pra uma seita, ou vive em rehabs. Os sobreviventes viram dinossauros”.

Todos sabemos da existência perturbada de Amy e de suas escolhas. O fim aos 27 anos talvez não seja natural e pode ser encarado como um puta “desperdício “diante de tamanha genialidade. Mas afinal o que é “desperdício”, o que seria “perder a vida” diante de um mundo tão caótico e desprovido de sentido? Afinal, numa perspectiva nietzschiana, Amy fez muito pela sua própria existência, ao investir em um significado real para sua vida através da arte, do que a imensa maioria dos vivos e saudáveis medíocres que habitam este planeta.

Diante do ideal de Nietzche , Amy superou uma existência vã, transformando-se no “Übermensch”, o conceito filosófico do “super-homem” que realizou a tarefa de transformar sua vida em uma obra de arte, personificando o ato criativo que é uma de nossas únicas e possíveis respostas à impermanência. Não quero desdizer aqui o que eu já disse antes; acredito sim que existem outras formas de perpetuar nossa passagem por aqui; mas poucas são tão nobres e fascinantes como investir a vida à arte.

O produtor Rick Bonadio disse hoje que Amy “pode ter acreditado que era imortal”. Sim, Amy “abraçou o caos do mundo”, tornou-se parte deste caos, compôs um significado real para sua breve mas marcante existência, e desta forma perpetuou o seu “existir”... E as noites de Mariscal continuarão as mesmas. Amy sempre estará por lá.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Friaca!

E aqui estamos nós, frente à mais um solstício de inverno no hemisfério sul. Na verdade o “começo” do inverno trata-se , em termos astronômicos de mera convenção. O inverno “começa” justamente no dia em que ele inicia seu fim. Parece confuso, mas é simples. No dia de hoje, nosso maltratado casulo, o planetinha Terra, atinge a inclinação máxima do seu eixo em relação ao sol. Daí não passa. Não seremos privados dos raios da nossa estrela amarela mais do que neste dia 21 de junho. A partir de hoje, esta eterna gangorra cósmica que trata de nos fornecer as 4 estações do ano irá iniciar o caminho de volta. Nossa pelotinha azul tratará de ajustar seu ângulo de inclinação em relação ao Sol, trazendo o equilíbrio, a equidade do equinócio de primavera no dia 21 de setembro. E na sequência lentamente tudo se inverte e teremos novamente o sol com testemunha dos alegres e inesquecíveis dias de verão, no nosso solstício austral de verão. Depois o verão acaba de novo, e bem, deixa isso pra lá...

Já dizia no tópico anterior que a vida acontece no inverno, mas vivemos mesmo é no verão! E para nós surfistas além da água gelada, podemos contar também com uma diminuição no ritmo das ondas com a chegada do inverno. Ondas são resultado de alguma inquietação , de distúrbios climáticos, de agitação, de tempestades. Temos isto tudo de sobra no outono, na primavera, e alguma coisa no verão, decrescendo nesta ordem. No inverno, o mar parece dar um tempo. Rolam ondas sim e com as loucas mudanças climáticas que afetam o planeta, é improvável tecer um cenário confiável para este inverno. Mas o pouco de lógica que podemos extrair deste balé desordenado, ensina que é não é do inverno que podemos esperar uma seqûencia de bons dias para o surf.

Com a superfície do mar aquecida durante todo o verão, a chegada do outono com suas primeiras frentes frias causam os colossais agitos oceânicos traduzidos em ciclones extratropicais e violentas tempestades. Ondas a rolê! Na primavera, ocorre justamente o contrário, grandes massas de ar frio quebrando o pau com massas de ar quente, e algumas ondas sobrando disso tudo. No verão, as tempestades tropicais tratam de manter o atlântico em festa. No inverno... Bem, acordamos cedo e tratamos de seguir nosso ritual. Uma questão de sentir-se vivo, resistir à razão, fugir de nossa jaula de concreto para visitar um velho amigo: O mar. Mais ou menos o que fazemos aqui:

domingo, 24 de abril de 2011

Transição

Da festa que representava na antiguidade o equinócio boreal da primavera, à celebração cristã da ressurreição de Jesus, a Páscoa realmente representa de forma nítida mais uma transição em nossas vidas. Hoje, como parte da imensidão deste Universo entendi que vivo inserido neste plano eterno de renovação. Em termos astronômicos, vivemos aqui nas imediações do trópico de Capricórnio justamente o inverso daquilo que motivou a celebração na Páscoa no hemisfério norte. Enquanto por lá celebra-se o fim do clima austero e do predomínio da escuridão , por aqui a parte austral de nosso planeta começa a esquivar-se do sol, trazendo o frio e dias cinzentos. Nada tão dramático, mas para mim não resta dúvida que isto marca a alternância de mais um ciclo.

Todo verão um dia acaba e apaixonado que sou pelas coisas do mar, sempre demorei pra aceitar isto. Quando criança, o verão estava sempre associado às raras oportunidades que eu tinha de ver o mar. O fim do verão significava então quase que um fim desolador desta paixão e o abandono da esperança. Vivendo um dia após o outro, sem a certeza do amanhã, a chegada dos primeiros dias frios anunciava um período triste onde tudo o que me restava era sonhar. O término deste período marcava tristemente a minha vida. O tempo passou, os ciclos eternos se alternavam em ritmo de luz e escuridão e percebi que, como parte desta louca loteria cósmica, minha história também seria narrada em ciclos. E finalmente este ciclo então se encerrou. Os tempos duros ficaram pra trás, e torço para que por lá eles fiquem. Não vivo mais de dramáticas alternâncias, minha vida segue um fluxo perene em direção a tudo que eu sonhava. Porém, enceno minha trajetória por aqui em um gigantesco palco que orbita em torno do Sol e isto determina sim o ritmo de nossas vidas, de nossas lembranças, tudo calcado na fluidez da sábia transitoriedade criada pelo universo.

Neste ano toda esta alternância e transitoriedade parecem ter ficado ainda mais evidentes. Na ultima quinta-feira deixei para trás o período do início do ano em meio às cores do verão, e neste domingo encontro Curitiba já envolta em clima de mais um outono em minha vida. Agora é tempo de cuidar com mais afinco de projetos pessoais, de seguir com mais rigidez o rumo de minha razão, de centrar o foco na família e nos verdadeiros amigos.

Não há como negar, no verão sou guiado pelas vontades urgentes, pela profusão, pela novidade. E é sim,muito bom experimentar, viver a abundância de sensações, e uma certa alegre e descompromissada maneira de encarar o dia a dia. Mas é legal um tempo neste ritmo vertiginoso sugerido pelos alegres dias do verão e hoje não vejo mais o equinócio austral de primavera como o início de dias desesperançosos. Entendo que com a chegada do outono o Universo sabiamente encerra mais um ciclo. Muitas coisas se vão, irão se perder em minha memória. Permanecem por certo ainda as boas lembranças, os grande amores, o registro vívido de cada grande emoção.

Ah, e o mar , que a tanto tempo atrás era um sonho, finalmente é parte de minha vida. Uma parte importante, fundamental, e principalmente constante, que vivo junto a tudo de bom que construí dentro desta incrível alternância de ciclos e renovações que se encaixam tão perfeitamente nesta milagrosa e intensa jornada que é viver!

quinta-feira, 3 de março de 2011

A Noite e o Dia

Nos labirintos de concretos das grandes cidades normalmente o pôr do sol passa despercebido entre construções, luzes artificiais e poluição. Um espetáculo diário que torna-se invisível com a maioria de nós vivendo entrincheirados entre as quatro paredes de um escritório na luta insana para obter o vil metal, ou ainda quando estamos enfiados em shoppings , gastando futilmente só pra mostrar a todos o quanto somos dedicados e empenhados em obter o tal do vil metal... .

Vasculhando meus “favoritos” com o flickr de alguns fotógrafos, entre eles astrônomos amadores, encontrei esta belíssima foto, com uma imagem que me lembrou um dos momentos mais mágicos que já vivi nos meus 7 anos de surf! Numa fria tarde de inverno, atento às ondas, de repente me dei conta que o céu dividia-se entre o dia e a noite. Algumas vezes já tive a oportunidade de observar a abóbada celeste dividida em sua parte oriental já em noite, com as estrelas visíveis aninhadas em seu leito celeste, e a parte ocidental ainda iluminada com últimos raios de sol. Mas lembro especialmente deste gélido final de tarde em Matinhos, no inverno de 2004. Eu e meus brothers Luis, Tiago e Junior "Ju-Ju" Belz estávamos na água, aproveitando as ondinhas de um mar calmo e intensamente frio, típico de um fim de tarde de julho. Passava das 5 e o céu estava límpido, quando de repente começa o crepúsculo ao leste, em direção ao Atlântico. Quando me dei conta, a parte do céu sobre o mar já estava escura, noite feita, estrelas em seu palco brilhando na noite. Porém, em direção à Serra do Mar, o céu ainda estava razoavelmente claro, com os últimos raios de sol surgindo por trás das montanhas, esculpindo um cenário que começava em um tom de laranja e fluía em um belíssimo degradê até o lilás e depois o completo azul do dia até o extremo ocidental entre as montanhas da Serra do Mar. . Fiquei mudo, admirando cada nuance daquele espetáculo que fazia o céu luzir entre as estrelas em meio aos últimos raios de sol! Ainda dentro da água literalmente imerso no Universo, fiquei ali contemplando aquele belíssimo espetáculo até que a noite então assumisse definitivamente o comando do firmamento.

Naquela fria tarde de inverno eu sei que o Universo falou diretamente comigo, como em muitos outros momentos, como quando a minha pequena Mayra Kai com suas mãozinhas e olhinhos descobre o mundo, ou quando uma noite de verão é iluminada em flashs pela energia que passeia de nuvem em nuvem. Não há nenhuma escolha, nenhum, privilégio nisto. Isto tudo está a disposição de todos nós. Delicadamente Deus (ou o Universo, chame como quiser, é tudo a mesma coisa) nos coloca a par de todo o encanto e mistério da criação, seja no sorriso de uma criança, seja num cãozinho abanando alegremente seu rabo, no abraço de um amigo ou num desses espetáculos diários da natureza. Porém seguimos adiante, negligenciamos o cuidado e o carinho de Deus! Muitos de nós, num misto de ignorância e imprudência, vivem celebrando diariamente sua tola vaidade, desatentos a tudo o que realmente importa!

A todo momento rola um espetáculo criado pelo Universo, sejam momentos grandiosos e impactantes ou de sutil delicadeza. Tudo é oferecido pra que cada um de nós sinta dentro de si um tipo de importância especial em fazer parte deste mundo. Carl Seagan disse que a Terra é um palco muito pequeno, numa imensa arena cósmica. Sim, somos poeira, nosso lar é um grão perdido entre centenas de outras galáxias, milhares de outros mundos! E ainda assim o Universo reserva a cada um de nós momentos e emoções únicas! O Grande Dramaturgo compõem diariamente cenários magníficos, traça o roteiro das melhores histórias, para que cada momento de nossas vidas seja único e especial, para fazermos do magnífico papel de existir um espetáculo diário!

Meus dias são repletos destes momentos, estou sempre atento a cada nuance do único grande milagre que existe: Viver, fazer parte do Universo!

sábado, 5 de fevereiro de 2011

LeRoy Grannis

LeRoy Grannis, nasceu em Hermosa Beach na Califórnia. Além de ter o Pacífico em seu quintal, desde pequeno ele foi incentivado pelo pai a manter um contato intimo com o mar. Das aulas de natação ao primeiro presente , uma Bellyboard (o precursor das Bodyboards), Grannis tinha no oceano o seu playground, cenário que emoldurou sua infância e determinou pra sempre seu vínculo com mar.

Na juventude, enfrentou a Grande Depressão fazendo bicos de carpinteiro e revendendo ferro-velho. Em 1943, alistou-se na Força Aérea e atuou em combate na Segunda Guerra Mundial. Ao retornar pra casa, dividiu sua vida entre o trabalho em uma empresa de telefonia, e as primeiras fotos de surf. Aconselhado pelo médico a seguir adiante com seu hobby, por conta de uma ulcera obtida em virtude do stress no trabalho, Grannis investiu mais do seu tempo à fotografia.

Já em 1960 ele começou a ter seu trabalho reconhecido. Suas fotos apareciam com destaque na revistas de surf da época , tornando-se o mais respeitado documentarista do esporte. Os outros fotógrafos já caiam na água com suas câmeras estanque, mas logo tinham que retornar para trocar o filme. Vencer a arrebentação várias vezes acabava por deixá-los exaustos e fazendo com que muitas vezes eles perdessem os melhores momentos da surf-session. Leroy inventou então um dispositivo que permitia a ele trocar o filme dentro da água, ganhando em agilidade e concentração.

Logo Grannis era o nome mais respeitado e requisitado no mundo da fotografia de surf. Passou a década entre o Havaí e a Califórnia capturando os melhores surfistas do mundo em seus mágicos momentos sobre as ondas. Em 1966 foi eleito o fotógrafo número um no International Surfing Hall of Fame. Até o prêmio Lifetime Achievement Award, Grannis expôs suas fotos em galerias de arte e publicou o livro TASCHEN LeRoy Grannis: Nascimento de uma cultura, um magnífico registro da história do surf moderno (R$ 850,00! Faz uns 10 anos que eu namoro o livro...).

Grannis foi co fundador da Revista Surfer, e com suas fotos ajudou a mostrar para o mundo o divertido , louco e formidável estilo de vida dos surfistas, popularizando o esporte. Seu estilo permitia o entendimento do deslocamento rápido e vertiginoso dos surfistas equilibrados em suas pranchas, e ainda assim traduzia em instantâneos toda a poesia deste esporte.

Grannis casou-se com Katie LaVerne Tracy, em 1939, quando ela tinha 20 anos, teve quatro filhos, seis netos, e três bisnetos. Aos 89 anos, no dia no dia 3 de fevereiro de 2011, deixou nosso mundo de grandes ondas e pequenas coisas vans... Mahalo, LeRoy de Grannis!

Conheça um pouco do trabalho de LeRoy Grannis:

Fotos em P&B

Fotos coloridas

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Sem o mar...

"Meu pai acreditava que não se devia tomar logo banho de água doce: o mar devia ficar na nossa pele por algumas horas. Era contra a minha vontade que eu tomava um chuveiro que me deixava límpida e sem o mar.

A quem devo pedir que na minha vida se repita a felicidade? Como sentir com a frescura da inocência o sol vermelho se levantar? Nunca mais? Nunca mais. Nunca"

–Texto Clarice Lispector – Foto do brow Papito

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

" The truth is... on screen! "

!

Em 2010 descobrimos o Wikileaks e nos demos conta de que onde há poder, há tentativas de esconder a verdade. Todas as poderosa instituições que estão aí (governo, igreja, "imprensa", grandes corporações) só se mantem no topo graças à constante e por vezes violenta manipulação da realidade. Mas as velhas oligarquias que se cuidem! Tirando a pequena burguesia escrota e alienada e a pobraiada abestada, sempre alheios a tudo que não seja consumo e futilidades, tem muita gente boa empenhada em mudar a situação, em trazer a tona todo o jogo sujo e podridão daqueles que querem se perpetuar no poder. O que isto tem a ver com o surf? Pense, a manipulação da verdade está diretamente relacionada com o futuro do nosso planeta. E a esperança é que hoje a verdade está a um clique!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Do Shopping pra Areia

Todo mundo vira surfista com o retorno do Sol aqui pros lados do hemisfério sul. Todo mundo é “brother”, todo mundo quer desfilar com sua prancha na areia. Até aí tudo bem. Não que eu me importe, desde que os posers não emporcalhem a areia. O duro é quando o povo que passou o inverno entre o shopping e o sofá arrisca uma aparição no outside.

Quem não conhece imagina que o surf é praticado em um ambiente quase idílico, de camaradagem e gentileza. A verdade é que nos picos mais concorridos quando surfistas se espremem numa valinha o mar vira um ambiente competitivo, tenso e opressor onde um surfista cumprimenta o outro só para estabelecer um certo nível de respeito na água.

No meu pico favorito, Mariscal, ainda é possível curtir o surf como uma experiência mística impermeável a nossa condição de humanos territorialistas e competitivos. Alheio a encarar o surf como um esporte e sim como uma doutrina espiritual, eu consigo estabelecer um regime de restauração de minha alma, frequentemente açoitada pelo caos de existir em um mundo em constante degradação.

Mas alcançar este Nirvana na água é uma questão de equilíbrio. E é difícil encontrar equilíbrio em meio àquilo que tenho por mais abjeto, seja um nativo ignorante, seja um um playboy pavoneando-se na água. Se já é complicado encontrar o meu lugar entre brigas por território, pior ainda é ter que disputar a minha posição no line-up com gente interessada em transformar o mar numa vitrine de vaidades.

O lance é torcer por um verão com cracas gigantes e constantes. Porque assim pelo menos, na primeira remada, o cara que não surfa nada vai deixar sua prachinha ornamentando a areia até a chegada do inverno, quando então ela retornará pro armário, pra debaixo da cama, pra qualquer outro canto que não interfira no surf de verdade...

Surfista Calhorda!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

O Mar de Manhã

As estrelas procuram seus ninhos no céu, e a luz do sol surge para abençoar o dia. Hora de cair no mar. Kakis as 5 da manhã, unidos em torno do ritual do surf para experimentar novamente a mistura de adrenalina e endorfinas proporcionada pela emoção de vencer a arrebentação e deslizar sobre as ondas. A vida é pouca e o que vale é viver com intensidade tudo o que o Universo oferece...

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Páscoa com uma semana de atraso...

O Guaia disse, o Guaia avisou! Nas ultimas trips tenho comentado com a galera que a água do mar esta muito quente. Muita energia acumulada. E quando toda esta energia desse de cara com uma frente fria, um ciclonezinho extra-tropical, o embate ia ser cascudo! Dito e realizado pela mother nature! As manchas verdes e amarelas do gráfico aí do lado traduzem a fúria do nosso brother Oceano Atlântico. Se no ultimpo post eu falava em “swellzinho” , olha o que eu acabei de receber do pessoal do Liquid Dreams:

“Algumas vezes somos um pouco otimistas demais, mas dessa vez não podemos ser conservadores diante dos fatos. É possível que estejamos prestes a presenciar um dos maiores swells de sudeste deste milênio. Graficamente, ele traz números jamais vistos na era pós-internet em águas brasileiras, e a comparação com o até então intocável swell da Páscoa de 2009 se torna inevitável. A ressalva importante é que trata-se de um swell de sudeste, e não de sul, e por isso picos diferentes poderão se destacar. Será um pareo duro. E se no litoral paulista a ondulação será monstruosa, as ondas no litoral carioca poderão entrar para a história moderna do surf brasileiro. Vai ter estória para muito tempo, e as lendas do surf serão recicladas.

Aquecimento atípico do Atlântico, El Niño ainda ativo, transição oficial do verão para o outono, choque brusco de temperaturas, astronomia e fusão de tempestades são alguns dos fatores encontrados no DNA da criatura que se desenvolverá nas próximas horas. Oportunidade rara para surfar secrets, ondas gigantes, picos adormecidos e até mesmo ondas inéditas.

A bola de cristal estava quente quanto ao segundo estágio desta ondulação, e uma rara configuração ciclônica deverá intensificar ainda mais o bombardeio. Depois de mostrar o lado negro da força, ao custo de aproximadamente uma centena de vidas, essa tempestade deve trazer o ápice entre a tarde de quinta e a manhã de sexta-feira, passando de 3m de sudeste, mas há potencial para que alguns picos especiais passem de 4 ou até mesmo 5m – as fotos irão mostrar depois. Além disso, deve garantir um FDS ainda com altas ondas de sudeste – big surf garantidíssimo!”

Se na semana passada o mar estava virado numa gigantesca REGAN, era só uma questão de tempo para tudo se transformar . Quem surfa sabe, Páscoa sempre dá onda (olha o vídeo!). O equinócio tende ao equilíbrio só no nome porque quem freqüenta os mares do sul com alguma assiduidade já sacou que a mecânica celeste é pródiga em proporcionar quebras violentos entre as gigantescas massas de ar quente com as glacias massas de ar frio, nesta época do ano. É isso, aos malucos de boa fé, dispostos a fazer a cabeça em um marzão gigante desejo sorte e coragem! E pra quem não lembra do Swell de Páscoa de 2009, um videozinho para preparar o espírito diante do que nos aguarda: