quinta-feira, 28 de maio de 2009

Surf e Napalm

“ "Tipo, os surfistas vietcongues, que sobreviveram ao desembarque da Normandia, e aos rigores do inverno na Rússia, quando enfrentavam as tropas de Napoleão nas cruzadas no sul da Austrália, surfavam nas ondas gigantes provocadas pelas explosões de Hiroshima e Nagasaki no Mar Morto, com rudimentares pranchas feitas de pedra –lascada e fibra de carbono. Os vietcongues também pegaram altos tubos naquele lance do Moisés dividir o mar e tals, e alguns vieram pra Minas Gerais e introduziram o tow-in, praticando na lagoa Rodrigo de Freitas numa cachoeira junto com o Roberto Justus, e o pessoal do exército brasileiro, que depois acabaram ajudando eles a invadir a Manchúria e aí eles voltaram para a África e lá eles introduziram o surf entre os europeus que viviam na Patagonia, mas aí...”

Tentando entender a insólita trama narrativa de nossa amiga Ferds esposa do brods Guégs, que falava sobre surf, vietcongs, entre outras coisas, subimos a serra no ultimo bate-volta, rindo e imaginado o que ela tentou dizer. O lance do surf no Vietnã ficou na minha cabeça e lembrei então da mítica obra prima de Francis Ford Coppola , Apocalypse Now , que assisti quando o surf ainda não fazia parte da minha vida.

No filme, durante a guerra do Vietnã, o coronel Kilgore conversa com o soldado Lance Johnson, um surfista de Malibu, e fica sabendo da existência de ondas perfeitas quebrando sob uma bancada de corais, próximo ao acampamento. O coronel Kilgore, também surfista, encara como mais um dos desafios do surf o fato do point estar localizado em território ocupado pelos inimigos. Na manhã seguinte, ele parte pra lá com seus regimento (a clássica cena do helicópteros voando e destruindo tudo ao som de “Cavalgada das Valquírias” ). Pra garantir a surf session em meio a tiros de morteiro ele manda aviões bombardearem e lançarem napalm no vilarejo. Desta forma, o coronel conseguiu uma união improvável: O surf e a estupidez.

É certo que não era intenção do roteirista ou do diretor mostrar o surf como uma excentricidade em meio ao caos. Se insanidade da guerra desproveu de qualquer sentido o ato de pegar uma prancha e sair em direção ao mar, podemos entender a desconcertante cena como um resquício bestializado da vida que os soldados deixaram pra trás, uma absurda tentativa de fuga da massacrante realidade (quase o que a gente faz por aqui!), em meio ao absurdo maior da guerra.

O roteirista do filme, John Milius era surfista e sabia que o surf não estava tão distante assim da realidade da guerra. O exército americano enviava regularmente pranchas de surf ao Vietnã, sob a desculpa dos combatentes de que elas eram necessários para auxiliar os salva vidas. O documentário Between the lines, lançado este ano, investiga como o surf fez parte deste dramático capítulo do século XX. Grande parte dos jovens entre 18 e 25 anos que foram obrigados a servir eram da Califórnia, o lugar que mais representava a cultura surf nos Estados Unidos no final dos anos 60. Dos 58 mil mortos na guerra , pelo menos 10% eram de lá. Aqueles garotos que como eu ouviam Beatles e Roling Stones, também curtiam Deltones e Beach Boys e levaram o surf para as praias do Vietnã.

Ty Ponder, produtor do documentário , comentou numa entrevista à Espn sobre um soldado que conseguia avistar os vietcongues a menos de 100 metros da praia, armados com seus fuzis AK-47 enquanto pegava ondas. Este soldado contou a Ty que imagina ter sobrevivido a experiência "porque os inimigos odiariam matar alguém que estava se divertindo tanto".

Com o mundo sempre batendo à porta de outros conflitos, o comentário de nossa amiga suscitou em mim a percepção que havia escapado quando assisti o filme e não entendi muito bem o lance de um surfista e “ o cheiro de napalm pela manhã”, em mais uma guerra inútil. O surf me ajudou entender que “o horror, o horror” era excencialmente loucura...

“If I say it’s safe to surf this beach, Captain, then it’s safe to surf this beach. I mean I’m not afraid to surf this place, I’ll surf this whole fucking place!” (Coronel Kilgore)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Múúúúúú...

Ja falei delas aqui. As vacas fazem parte da diversão do surf. Só quem surfa sabe o que uma pobre meia passa na máquina de lavar roupas... O brother Eds, surfista pecilotérmico, parceiro de surf e rock'n roll me indicou este videozin. Ow, vacas são amigas, não são comida!

sábado, 16 de maio de 2009

Clark Little

Clark Little, é um surfista de Waimea Bay (Hawai, né!), pacato cidadão, que um dia, a pedido de sua esposa que queria algo para decorar uma parede, resolveu cair no mar com uma Nikon D200 (yeah, meus brothers, dessas que você encontra no Mercado Livre por 3 contos) , mais um estanque (lógico), uma lente fish eye, muito talento e conhecimentos adquiridos junto a seu pai, que foi professor de fotografia por 12 anos.

Clark desenvolveu uma técnica para capturar as cavernas de cristal desmanchando-se nas bancadas do Hawai eternizando estes fugazes momentos em esplêndidas imagens. E hoje ele realizou o sonho de todo surfista de alma, e vive de surfar e vender em seu site as fotos obtidas no quintal de casa.

Cada foto está a venda por valores entre 50 a 4000 dólares. Parece moleza, mas sensibilidade e talento realmente não tem preço!

"Cada imagem é uma reflexão de minha profunda admiração e afeto pelas águas salgadas do Hawaii, a nossa cultura e estilo de vida" Clark Little