Além disso, há outro fator bem conhecido que incomoda todos aqueles que um dia já experimentaram a sensação de deslizar sobre as ondas: a fissura. Cinco ou seis dias longe do nosso gigantesco playground, até que são suportáveis, desde que nosso espírito de surfistas urbanos não seja castigado com rumores sobre grandes Swells, nem com noticias de surf e estímulos visuais de pranchas, ondas perfeitas, 1 metrão de onda, areia, etc...
Mas, passado este período de uma semana, a coisa definitivamente começa a complicar. É difícil manter a concentração e encarar projetos, planilhas, pessoas, relatórios, problemas sem ter o nosso pensamento fixado nas ondas. Qualquer coisa que lembre uma onda, gera uma imediata reação, que vai de um sorriso a uma leve irritação diante do fato de estar aqui, e não por lá. O tempo passa, a coisa toda piora, e só mesmo o contato com a água salgada pode colocar a cabeça em ordem novamente.
No último ensaio de dilúvio em Porto Alegre, uma galera certamente movida pela fissura, deixou de lado a prudência e munidos de pranchas, sleaves e corda, coragem e bom humor (sim, estas coisas só acontecem com um certo ímpeto de alegria no comando!) e foram enfrentar o arroio para saciar a vontade de ondas. Quem nunca sonhou pegar onda no Guaíba? Pois é, se os brothers vacilassem era provavelmente por lá que eles iriam ensaiar os seus drops. Definitivamente ficar longe das ondas afeta a nossa capacidade crítica, como bem definiu o brother no início do vídeo...