sábado, 23 de julho de 2011

Amy, Mariscal, Surf...

Caraca, hoje tem uma alucinante Jam session no céu dos malucos! Janes Joplin, Kurt Cobain, Morrison, Hendrix, Tim Maia!, Robert Johnson; Fred Mercury, e a nova integrante da troupe, Amy... Acho que por enquanto minha vida por aqui é legal demais pra eu ousar dizer que gostaria de estar lá, mas uma espiadinha de segundos, wow, certamente valeria por horas daquilo que é feito por aqui em nome da música atualmente.

Amy sempre foi companhia constante na viagens e nas “viagens” dos Kakis, um talento que não cansávamos de admirar, de curtir. Porém no fim de ano em meio às conversas que atravessam as noites de Mariscal, comentei com os brothers que infelizmente 2011 seria o ano em que seríamos privados do talento dela. Ela não conseguiria se livrar do destino reservado à maioria dos espíritos criativos que ousam contestar a ditadura dos “genes egoístas” que nos transformam em meras “máquina de sobrevivência”. Para escapar disso é preciso uma certa dose de genialidade, uma alma de artista, um espírito de surfista (ow sim, pergunte para um surfista de alma, qual o sentido biológico de surfar. Ele não encontrará uma resposta tão fácil quanto ao ser perguntado sobre o sentido existencial de surfar) ... No entanto a benção maldita da genialidade cobra por vezes um preço cruel e como disse Tia Rita Lee no Twitter , “Vida de artista é clichê. Ou morre de overdose, ou entra pra uma seita, ou vive em rehabs. Os sobreviventes viram dinossauros”.

Todos sabemos da existência perturbada de Amy e de suas escolhas. O fim aos 27 anos talvez não seja natural e pode ser encarado como um puta “desperdício “diante de tamanha genialidade. Mas afinal o que é “desperdício”, o que seria “perder a vida” diante de um mundo tão caótico e desprovido de sentido? Afinal, numa perspectiva nietzschiana, Amy fez muito pela sua própria existência, ao investir em um significado real para sua vida através da arte, do que a imensa maioria dos vivos e saudáveis medíocres que habitam este planeta.

Diante do ideal de Nietzche , Amy superou uma existência vã, transformando-se no “Übermensch”, o conceito filosófico do “super-homem” que realizou a tarefa de transformar sua vida em uma obra de arte, personificando o ato criativo que é uma de nossas únicas e possíveis respostas à impermanência. Não quero desdizer aqui o que eu já disse antes; acredito sim que existem outras formas de perpetuar nossa passagem por aqui; mas poucas são tão nobres e fascinantes como investir a vida à arte.

O produtor Rick Bonadio disse hoje que Amy “pode ter acreditado que era imortal”. Sim, Amy “abraçou o caos do mundo”, tornou-se parte deste caos, compôs um significado real para sua breve mas marcante existência, e desta forma perpetuou o seu “existir”... E as noites de Mariscal continuarão as mesmas. Amy sempre estará por lá.