segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Sobre Deuses e Surf

Como Deus é uma coisa que a gente inventa (ou acaba "comprando"dos outros), legal mesmo eram o deuses dos havaianos, os brothers que criaram de verdade este lance fantástico de caminhar sobre a água... Dentre estes deuses o mais legal era Lono. Em seu nome os havaianos faziam uma grande celebração que tinha o surf como ponto central. De outubro até janeiro, os havaianos dançavam e surfavam numa forma de cultuá-lo. E também celebravam com isto sua relação harmônica com as forças da natureza.

Mas aí chegaram os colonizadores com sua doutrina cristã e decidiram que aquilo tudo era imoral. Legal mesmo era matar, torturar e queimar velhinhas e opositores na Inquisição Protestante. Aí meus brothers, fodeu tudo... Com a conveniente ajuda da pólvora os colonizadores cristãos trataram de impor as vontades e dogmas de seu deus e assim uma civilização que vivia em relativa paz e harmonia com seu meio foi praticamente dizimada. Sobrou pouca coisa. E graças a Deus (o Deus doidão que criou essa loucurada toda, não o deles!), apesar de proibido, o surf sobreviveu.

Falo aqui de deuses e de surf porque faço do mar o meu céu. Tudo nele justificada esta minha estadia neste mundinho dominado pela raça Sapiens. Parece tão bobo, tão simples, mas garanto a vocês, é eficaz. No line up, entre uma onda e outra , na companhia do mar e de meus amigos, meu mundo se recompõem. Não preciso de psicólogo, não preciso inventar um deus, nem preciso me adaptar ao deus inventado pelos outros. Tenho sim o meu Deus ( garanto que ele está bem longe da figura daquele velhote barbudão e caquético que criou isso tudo em seis dias) , e penso que o mar e as pessoas legais como meus brows, são uma maneira que Ele inventou pra se redimir diante de um montão de besteiras que Ele criou e/ou aceita.

Só isto. O resto é celebrar o dom de viver e lutar por um mundo melhor...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Third Rock

A impresivibilidade das condições das ondas faz parte do ritual daquilo que chamamos de "ir surfar". É rara a confluência de fatores como vento, direção do swell, tamanho e freqüência das ondas, que , tudo ajustado, resultem em ondas surfáveis, ou perfeitas. Se contarmos que fazemos parte daqueles surfistas que gostariam que todos os “dias úteis” fossem dias de surf, a coisa matematicamente piora. Tudo tem que dar certo em apenas dois diazinhos da semana. E como bem sabemos, nem sempre dá.

Seria muito bom surfar todos os dias, ter o marzão no quintal de casa para dispor das ondinhas todas as vezes que elas aparecessem, mas nós como bons surfistas de alma aprendemos a aceitar as vontades do mar e surfamos felizes de qualquer forma, de qualquer jeito que o marzão apresente-se a nós.

Neste findi, com a praia de Itapoá coberta por uma bruma que dissipou-se lá pelo meio dia eu nem podia imaginar que encontraria minha ondinha perfeitinha. Quase perfeitinha, eu diria. Pra ser perfeitinha ela só precisava ser uma esquerda, ao invés de uma bela direitinha. Mas ela estava lá, me esperando, escondida no nevoeiro. Assim que entrei no mar ela surgiu. Algumas remadas, o drop rápido, e lá estava o Guaia, deslizando suavemente na companhia daquela bela menina-ondinha. Suave a moça! Me permitiu deslizar por sua superfície lizinha, sem espuma, por intermináveis segundos... Sobe, desce, sobe, desce, sobe, desce... O mantra sagrado do surf reza: “Good waves come to those who wait” ... E eu esperei o inverno inteiro por ela!

No videozin, o brother gente fina que cantava o mar e nos deixou na semana passada, Dorival Caymmi.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Santiago, o peixe, as estrelas, o sol , a lua...

Enquanto o mundo neste momento baba ovo dos predadores Chineses e se ocupa de futilidades, o Guaia aqui, alheio a toda esta encenação , mais preocupado com seu surfzinho do final de semana (sim o surf falou mais alto, to zarpando!) fala em nome das vozes inocentes que não são ouvidas.

No classico de Ernest Hemingway "O Velho e o Mar" , o personagem Santiago afirma que queria não precisar matar o peixe, e sentia-se aliviado por que o homem não precisava também matar as estrelas, o sol, a lua....

Precisamos mesmo matar????Até que ponto somos evoluídos????? Alcançaremos nossa plenitude no dia em que abandonarmos nosso egocentrismo (eu: a cara e a cor de Deus, minha família: óóóó... , minha espécie: a mesma do cara que chamamos de Deus...) e passarmos a respeitar a vida como um todo...