quinta-feira, 20 de agosto de 2009

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Um surfista feliz!

Quando eu era garoto, contemplar o céu noturno pontilhado de estrelas, nas noites em que ainda era possível identificar o rastro de poeira cósmica da Via Láctea, ou ver o mar em fotos, filmes, revistas e raramente ao vivo, me trazia sensações ligadas à aventura, a magia e ao mistério da vida. Tudo me permanecia indecifrável e esta era a sensação que eu mais gostava, o assombro de um guri do século XX diante de belezas tão imutáveis, tão ancestrais...

Mas de alguma forma fui deixando de lado um pouco do meu inquietante espanto ao namorar o firmamento. Aos poucos mudei a minha maneira de reagir aos segredos do céu. Talvez tenha sido a influencia da educação que recebi em colégios católicos que tentavam acabar com a inefável poesia do infinito me fazendo acreditar na pragmática criação do universo feita em seis dias por um sujeito barbudo e punitivo. Talvez tenha sido a ciência, que aos poucos transformou aqueles pontinhos brilhante aninhados em milhares de galáxias, em fornalhas de gás que convertem hidrogênio em hélio. Mas sei que a medida que minha infância se extinguia e que as coisas terrenas me cercavam eu já não via mais o céu como antes. Ainda me espanto e me encanto com a magnitude do universo, mas o tempo encarregou-se de roubar um pouco da minha emoção.

Porém o meu fascínio pelo mar e pelas coisas do mar sempre foi o mesmo. O Guaia que hoje sai à procura de uma valinha com seus brothers e o Guaia de 30 anos atrás que eufórico e curioso contemplava o mar, carregam no rosto sempre o mesmo sorriso. Na primeira vez em que eu botei os pés na areia, senti a brisa marinha e vi as ondas que chegavam ao inside eu nem fazia idéia do que era o surf, mas só o fato de estar ali, pés molhados, olhos fitados nas marolinhas, era o suficiente pra fazer de mim um garoto muito, muito feliz. Tenho vívidas a lembrança do misto de perplexidade e vertiginosa empolgação que sentia toda vez que ouvia a palavra “praia”. E isto tudo que eu ainda nem sabia o que era o surf. Não imaginava que pudesse existir uma forma tão poética e divertida de interagir com aquele gigantesco playground feito de espuma e água movimentando-se em seu desordenado balé. Por hora, bastava-me estar ali!

...e um dia então, eu descobri o surf. Uma onda que veio lá do meio do oceano, chegava à praia e me convidada pra um passeio. Aceitei o convite generoso da simpática marolinha esverdeada e me tornei um surfista. Acho que os superlativos não dão mais conta de traduzir o encanto e a atração que as ondas exercem sobre mim. Hoje sou o Guaia da Cris e da pequena Mayra, o Guaia dos brothers e o Guaia Surfista. É isto tudo o que me define. É isto que faz de mim uma pessoa feliz. O surf faz parte da minha vida e o mar é meu companheiro fiel, mais um parceiro ilustre em minha trajetória por este nosso simpático planetinha, pálido ponto azul mergulhado nos mistérios do nosso universo...

Mahalo, meus brothers!