domingo, 30 de novembro de 2008

Blumenau

Depois de 8 meses com meu direito de dirigir suspenso (não amigos , não bebo dirigindo, nem faço besteiras por aí ao volante) a idéia neste findi era zarpar com os brows para Mariscal, mas desta vez, comigo ao volante!

Primeiro questionamos a condição das estradas, depois passamos a questionar se cruzar um estado abalado pela calamidade num jipinho exibindo 4 ou 5 pranchas de surf amarradas ao rack não seria uma forma de manifestar uma ostensiva indiferença pelo sofrimento de tantos.

Mas na quinta feira um tópico na comunidade “Blumenau” no Orkut chamou minha atenção para um problema e mudou o rumo do meu fim de semana. A protetora Ana, timidamente (demonstrava um certo receio de expor sua preocupação com animais , diante do flagelo humano) pedia doações de ração para a Ong APRABLU de Blumenau, que estava precisando de auxílio diante da quantidade de animaizinhos que levados pela enxurrada se perderam e também aqueles que foram deixados para trás pelos desabrigados.

Carreguei então a camionete da empresa com cerca de 300 quilos de donativos ( sim, alguma coisa era pro Zé Povinho também, para que não acusem meu especismo à raça humana) e parti rumo à Blumenau. E pude ver de perto tudo o que a ganância , a ignorância e o descaso com o meio ambiente podem propiciar. Ocupação dos pés das encostas. Ocupação das encostas. Destruição da mata ciliar, assoreamento dos rios e ocupação das áreas de várzea. Impermeabilização do solo (dá lhe asfalto, concreto, calçadas! ). Tudo feito em nome do progresso, do conforto e da “infra-estrutura”...

Confesso que diante de tanto abuso e maus tratos ao nosso planeta eu até que gostaria de ser refratário ao sofrimento das pessoas. Mas é difícil. A gente entende de maneira contundente o significado da expressão “perder tudo” diante de cenas como a de um senhor, sentado sobre um caixote na calçada sob a chuva que não dava trégua, observando o que restou de seu casebre. Cinco dias depois da tragédia o que era o refúgio na desgasta vida deste senhor ainda estava tomado pela lama até a altura do joelho. Eu via aqueles que imagino serem amigos, parentes e voluntários retirando objetos que me pareciam indistinguíveis tamanha a quantidade de sujeira e não podia desprezar de forma alguma o que aquelas pessoas estavam vivendo. O clima na cidade era realmente desolador. Difícil encontrar sorrisos.

O pior de tudo é que estas tragédias são pouco democráticas. Afetam muito mais os pobres do que os abastados. Rico mora bem em qualquer lugar, e embora em alguns lugares alguns tenham sido afetados a grande parcela da população que sofreu mesmo foram os de poucos recursos. Enfim, temos nosso Katrina e infelizmente a certeza de que cada vez mais situações como esta irão se repetir até que se comece a implantar normas inteligentes de ocupação do solo e que o fato de viver com qualidade e segurança seja conseqüência de atitudes positivas em relação o meio ambiente.

Depois de 8 meses pegando a estrada no banco do carona, o Guaia vai a Blumenau dar uma força para seus irmãzinhos de 4 patas!

Um comentário:

Mu disse...

Ei! Que bonito isso! =)