sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Mariscal

Não sei se Mariscal é um istmo, ou é uma praia situada num istmo. Acho que nesta aula de Geografia eu devia estar perdido no brilho intenso dos doces olhinhos da Jaqueline, minha primeira namoradinha e por conta disso não sei ao certo lhes dizer. O que hoje sei é que o cantinho que escolhi pra viver neste mundão é Mariscal. Marical como alguns outros poucos lugares tem jeitão de que não é daqui. Que é coisa de um outro bem humorado delírio de Deus.

Acho que todo mundo que sobe o morro vindo de Bombinhas e depara-se com a vista daquela estreita faixa de terra garantindo-se entre o mar, acaba apaixonado por Mariscal. A minha primeira vez teve até trilha musical. Mas acho que Peter Tosh se confundiu na letra de Johnny B. Goode quando Mariscal surgiu esplendida e radiante à nossa frente. E passado o êxtase, determinei que ali era o lugar que eu queria viver. Por enquanto, tenho apenas meu cantinho por lá, faço de Mariscal meu refúgio da louca-Babilonia mas ainda não é minha morada. But, como dizia Oscar Wilde ( sem-vergonhamente e com outra conotação, he, he, he) “Nada que o tempo não resolva”. E enquanto não resolve é pra lá que corro quando a loucura e a pressão do império-da-doideira-Curitiba me sufoca.

Neste feriado, mais uma vez Mariscal estava de braços abertos e mar nervoso a nos esperar. Aliás , as ondas em Mariscal são muitas. Já surfei por lá ondas gigantes mas gordinhas, daquelas que te permitem segundos eternos a deslizar em sua parede. Já vi Mariscal inteira sem onda, flat, flat, mas com uma inacreditável valinha de uns 200 metros onde rolava 1 metrão de onda, e o resto tudo, tudo lisinho. Já surfei as imensas ondas “ciclonadas” e as do tipo “caixotão” (algumas também turbinadas por tufões e ciclones) que desabam em poucos segundos sobre a bancada. Na verdade acho que esta última ainda não surfei não. Tentei, mas ainda falta muito domínio sobre a prancha pra enfrentar estas que são o tipo de onda mais freqüente em Mariscal. Neste feriado estava mais ou menos assim. As ondinhas eram grandes e rápidas e exigiam drop rápido e imediato posicionamento na parede. Pegamos algumas ondas mas os brothers Xande, Luis e Tiago e Papitão chegaram a conclusão que bom mesmo para o nosso surf em Mariscal seria um intensivão de pelo menos uns dois mêses por lá.

Mariscal só tem uma pequena imperfeiçãozinha. Como faz frio por lá no invernão! E o vento sul quando chega? Arrepia a gente e o mar, sumindo com as ondas em meio àquele nervoso liquidificador. E a água gelada? De trincar os ossos... Mas é só isto. Garanto! E este lugarzinho abençoado tem muitos créditos. Como dizia nosso saudoso surfista-prego-outsider, Capitão Prego: "Mariscal, sea of the hurried tides, liquid walls, Johnie walker under the yellow moon, some bauretes, an the Kakis, ow yeah, the old an good Kakis!"

Brow Tiagão, voltando a ativa em Mariscal no 7 de setembro. Foto do brow Papitão

Nenhum comentário: